sábado, 26 de setembro de 2009

Discurso do Santo Padre aos Bispos da região Nordeste 1 e 4

"A Igreja não pode ficar indiferente diante da separação dos cônjuges e do divórcio, diante da ruína dos lares e das conseqüências criadas pelo divórcio nos filhos." (Bento XVI)


"Caríssimos Irmãos no Episcopado,



Sede bem-vindos! Com grande satisfação acolho-vos nesta casa e de todo coração desejo que a vossa visita ad Limina proporcione o conforto e o encorajamento que esperais. Agradeço a amável saudação que acabais de dirigir-me pela boca de Dom José, Arcebispo de Fortaleza, testemunhando os sentimentos de afeto e comunhão que unem vossas Igrejas particulares à Sé de Roma e a determinação com que abraçastes o urgente compromisso da missão para reacender a luz e a graça de Cristo nas sendas da vida do vosso povo.



Queria falar-vos hoje da primeira dessas sendas: a família assentada no matrimônio, como «aliança conjugal na qual o homem e a mulher se dão e se recebem» (cf. Gaudium et spes, 48). Instituição natural confirmada pela lei divina, está ordenada ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, que constitui a sua coroa (cf. ibid., 48). Pondo em questão tudo isto, há forças e vozes na sociedade atual que parecem apostadas em demolir o berço natural da vida humana. Os vossos relatórios e os nossos colóquios individuais tocavam repetidamente esta situação de assédio à família, com a vida saindo derrotada em numerosas batalhas; porém é alentador perceber que, apesar de todas as influências negativas, o povo de vossos Regionais Nordeste 1 e 4, sustentado por sua característica piedade religiosa e por um profundo sentido de solidariedade fraterna, continua aberto ao Evangelho da Vida.



Sabendo nós que somente de Deus pode provir aquela imagem e semelhança que é própria do ser humano (cf. Gen 1, 27), tal como aconteceu na criação – a geração é a continuação da criação –, convosco e vossos fiéis «dobro os joelhos diante do Pai, de quem recebe o nome toda paternidade no céu e na terra, [para] que por sua graça, segundo a riqueza da sua glória, sejais robustecidos por meio do seu Espírito, quanto ao homem interior» (Ef 3, 14-16). Que em cada lar o pai e a mãe, intimamente robustecidos pela força do Espírito Santo, continuem unidos a ser a bênção de Deus na própria família, buscando a eternidade do seu amor nas fontes da graça confiadas à Igreja, que é «um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Lumen gentium, 4).



Mas, enquanto a Igreja compara a família humana com a vida da Santíssima Trindade – primeira unidade de vida na pluralidade das pessoas – e não se cansa de ensinar que a família tem o seu fundamento no matrimônio e no plano de Deus, a consciência difusa no mundo secularizado vive na incerteza mais profunda a tal respeito, especialmente desde que as sociedades ocidentais legalizaram o divórcio. O único fundamento reconhecido parece ser o sentimento ou a subjetividade individual que exprime-se na vontade de conviver. Nesta situação, diminui o número de matrimônios, porque ninguém compromete a vida sobre uma premissa tão frágil e inconstante, crescem as uniões de fato e aumentam os divórcios. Sobre esta fragilidade, consuma-se o drama de tantas crianças privadas de apoio dos pais, vítimas do mal-estar e do abandono e expande-se a desordem social.



A Igreja não pode ficar indiferente diante da separação dos cônjuges e do divórcio, diante da ruína dos lares e das conseqüências criadas pelo divórcio nos filhos. Estes, para ser instruídos e educados, precisam de referências extremamente precisas e concretas, isto é, de pais determinados e certos que de modo diverso concorrem para a sua educação. Ora é este princípio que a prática do divórcio está minando e comprometendo com a chamada família alargada e móvel, que multiplica os «pais» e as «mães» e faz com que hoje a maioria dos que se sentem «órfãos» não sejam filhos sem pais, mas filhos que os têm em excesso. Esta situação, com as inevitáveis interferências e cruzamento de relações, não pode deixar de gerar conflitos e confusões internas contribuindo para criar e gravar nos filhos uma tipologia alterada de família, assimilável de algum modo à própria convivência por causa da sua precariedade.



É firme convicção da Igreja que os problemas atuais, que encontram os casais e debilitam a sua união, têm a sua verdadeira solução num regresso à solidez da família cristã, lugar de confiança mútua, de dom recíproco, de respeito da liberdade e de educação para a vida social. É importante recordar que, «pela sua própria natureza, o amor dos esposos exige a unidade e a indissolubilidade da sua comunidade de pessoas, a qual engloba toda a sua vida» (Catecismo da Igreja Católica, 1644). De fato, Jesus disse claramente: «O que Deus uniu, o homem não separe» (Mc 10, 9), e acrescenta: «Quem despede a sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. E se uma mulher despede o seu marido e se casa com outro, comete adultério também» (Mc 10, 11-12). Com toda a compreensão que a Igreja possa sentir face a tais situações, não existem casais de segunda união, como os há de primeira; aquela é uma situação irregular e perigosa, que é necessário resolver, na fidelidade a Cristo, encontrando com a ajuda de um sacerdote um caminho possível para pôr a salvo quantos nela estão implicados.



Para ajudar as famílias, vos exorto a propor-lhes, com convicção, as virtudes da Sagrada Família: a oração, pedra angular de todo lar fiel à sua própria identidade e missão; a laboriosidade, eixo de todo matrimônio maduro e responsável; o silêncio, cimento de toda a atividade livre e eficaz. Desse modo, encorajo os vossos sacerdotes e os centros pastorais das vossas dioceses a acompanhar as famílias, para que não sejam iludidas e seduzidas por certos estilos de vida relativistas, que as produções cinematográficas e televisivas e outros meios de informação promovem. Tenho confiança no testemunho daqueles lares que tiram as suas energias do sacramento do matrimônio; com elas torna-se possível superar a prova que sobrevém, saber perdoar uma ofensa, acolher um filho que sofre, iluminar a vida do outro, mesmo fraco ou diminuído, mediante a beleza do amor. É a partir de tais famílias que se há de restabelecer o tecido da sociedade.



Estes são, caríssimos Irmãos, alguns pensamentos que deixo-vos ao concluirdes a vossa visita ad Limina, rica de notícias consoladoras mas também carregada de trepidação pela fisionomia que no futuro possa adquirir a vossa amada Nação. Trabalhai com inteligência e com zelo; não poupeis fadigas na preparação de comunidades ativas e cientes da própria fé. Nestas se consolidará a fisionomia da população nordestina segundo o exemplo da Sagrada Família de Nazaré. Tais são os meus votos que corroboro com a Bênção Apostólica que concedo a todos vós, extensiva às famílias cristãs e diversas comunidades eclesiais com seus pastores e todos os fiéis das vossas diletas dioceses."


Fonte:

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Militares colombianos se encomendam ao Sagrado Coração

O General Fredy abraçado a Ingrid que havia libertado da mão dos terroristas guerrilheiros


S. S. Papa Bento XVI saudou o general Fredy Padilla de León da Colômbia pelos esforços na libertação dos sequestrados pelas Farc. É interessante em notar a catolicidade que o general diz ter e que todo o exército também tem. Sempre se encomendam ao Sagrado Coração nas operações de combate.



Diario Las Americas:


"O Papa Bento XVI saudou o comandante das Forças Armadas da Colômbia, general Fredy Padilla de León, e disse que ora pela libertação dos sequestrados pelas Farc, durante uma conversa depois da audiência geral desta quarta, informou a embaixada da Colômbia na Santa Sé.


É emocionante saber que estamos nas orações do Pontífice. Os esforços e sacrifícios das forças armadas colombianas estão sendo recompensados com estes significativos gestos de solidariedade, porque, ademais, não se pode esquecer que a Fé católica é um dos principais suportes que nos acompanham na busca da paz e da ordem institucional na Colômbia.


Lembrou que no exército se infunde o fortalecimento do catolicismo e dos valores cristãos e assinalou que sempre se encomendam ao Sagrado Coração “nas numerosas e arriscadíssimas” operações militares.


Como se pode ver os resultados da luta contra o terrorismo estão demonstrado que Deus está ao nosso lado e a Ele pedimos todos os dias com devoção que nos dê ânimo para conseguir nossos objetivos pelo bem da Colômbia e da comunidade internacional.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

“SÓ SE SALVARÃO OS QUE SABEM NADAR”


Hugo Chávez substituiu a União Soviética no sustento da Ilha caribenha, o Brasil também tem dado generosamente seu quinhão ao "democrático" companheiro Fidel Castro.


“Fidel mandou matar em julgamentos sumários 9.479 pessoas”. “Estima-se que os mortos do regime cheguem a 17.000”. E conforme a professia de Cataneo, dois milhões de cubanos fugiram para os Estados Unidos, sendo que não foram poucos os que morreram tentando a travessia para a liberdade. Mostra Azevedo, que isso corresponderia a “27 milhões de brasileiros no exílio”.
Este é o herói, o estadista, o humanista, o democrata exaltado por Lula da Silva, Oscar Niemeyer, Chico Buarque, Frei Betto e tantos outros como José Dirceu que chora diante do comandante e adquiriu sua segunda cara em Cuba. Dirceu, outrora guerrilheiro marxista sem-tiro é agora capitalista inserido na globalização e gerentão dos negócios do chefe.

sábado, 19 de setembro de 2009

Anticampanha para 2010.


Ao escolher seu próximo candidato analise cuidadosamente o seu plano de governo.

NÃO VOTE nos candidatos com programas anticristãos ou programas onde não há clareza das ações.

Você como Católico tem o DEVER de proteger a santidade da vida e da família, proteger a moral e os bons costumes. Se você vota em um candidato que defende idéias anticristãs, você estará sendo conivente e responsável pelos atos do candidato, estará sendo omisso e negligente para com Deus. Estará sendo mundano.

Elimine os candidatos que principalmente sejam pró-aborto e antifamília (favorável à casamentos gays, à leis que beneficiam divórcios, programas que banalizam o sexo e o casamento, etc). Verifique se o seu candidato, mesmo que não seja um “católico praticante”, pelo menos preza a moral cristã.

Estamos próximos de mais uma eleição e este é o momento de refletir sobre a necessidade de termos um governo que preze e respeite a Santa Igreja. Um governante que não tome decisões “politicamente corretas”, mas que tome as decisões REALMENTE CORRETAS.

Não vote em candidatos com programas paternalistas e demagógicos, vote em candidatos que tenham a coragem de implantar políticas educacionais sólidas e livres de doutrinas marxistas e fabulosas. Somente a educação nos dará condições de crescimento econômico. Não uma educação doutrinadora antireligiosa, e sim uma educação com respeito e temor a Deus. Vote em um candidato CONSERVADOR.

Não há nenhum candidato com esse perfil? Então NÃO VOTE EM CANDIDATO ALGUM, e mais, proteste contra os candidatos, faça anticampanhas eleitorais.

Pior do que perder o voto não votando é votar irresponsavelmente em um candidato que traia nossas convicções morais e religiosas.

Bandeira vermelha (de sangue) do PT



O Diretório Nacional do PT puniu os deputados Luiz Bassuma (BA) e Henrique Afonso (AC) e sabem por quê?

Simplesmente por se manifestarem contra a legalização do aborto!

É realmente inacreditável a quantidade de medidas imorais que esse famigerado bando de criminosos sob uma bandeira política fazem! Também pudera ex-guerrilheiros, ex-assaltantes de banco, ex-sequestradores são e representam o governo, então o que mais poderíamos esperar?

Segue notícia abaixo.


PT suspende deputados por militarem contra aborto

Da Agência Estado

O Diretório Nacional do PT decidiu ontem, por unanimidade, suspender os deputados Luiz Bassuma (BA) e Henrique Afonso (AC), que se manifestam contra a legalização do aborto. Os integrantes do diretório entenderam que os deputados infringiram a ética partidária ao "militarem" contra resolução do 3º Congresso Nacional do PT, a favor da descriminalização do aborto. Bassuma teve seus direitos suspensos por 1 ano e Henrique Afonso por 90 dias.



O relatório da Comissão de Ética petista, segundo antecipou o jornal O Estado de S. Paulo anteontem, recomendava punição mais severa a Bassuma, sob o argumento de que o parlamentar demonstrara intolerância em relação a quem se posiciona a favor do aborto. Já Afonso, pastor da Igreja Presbiteriana Brasileira, é visto pelos petistas como "mais equilibrado" na questão.



Na véspera da punição, Bassuma dizia que não aceitaria "punição intermediária". "O PT vai ter de escolher se me absolve ou se me expulsa. Eu sou reincidente e vou continuar reincidente", declarou o deputado, que é espírita, preside a Frente Parlamentar pela Defesa da Vida e apoiou a Terceira Marcha Nacional da Cidadania pela Vida, em Brasília, no mês passado, contra o aborto. "Eles dizem que sou radical. Mas não tem meia vida, meio aborto. Então, não aceito a meia punição."



Afonso também criticou o PT. "Num assunto como este, que está relacionado à vida, o PT não pode simplesmente determinar que se trata de uma questão fechada. O PT virou um grande partido justamente por dar espaço à pluralidade." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. “


Fonte: G1


http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1309686-5601,00-PT+SUSPENDE+DEPUTADOS+POR+MILITAREM+CONTRA+ABORTO.html

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Discurso do Santo Padre aos Bispos Regional Nordeste 2

Sacerdote é sacerdote, leigo é leigo


O Papa Bento XVI fala aos Bispos da regional nordeste 2.
E continua exortando os Bispos a evitar a secularização do clero e a clericalização dos leigos.
"(...)aqueles que receberam as Ordens sacras são chamados a viver com coerência e em plenitude a graça e os compromissos do batismo, isto é, a oferecerem-se a si mesmos e toda sua vida em união com a oblação de Cristo. A celebração quotidiana do Sacrifício do Altar e a oração diária da Liturgia das Horas devem ser sempre acompanhadas pelo testemunho de toda existência que se faz dom a Deus e aos outros e torna-se assim orientação para os fiéis."
"Venerados Irmãos no Episcopado,

Como o apóstolo Paulo nos primórdios da Igreja, viestes, amados Pastores das províncias eclesiásticas de Olinda e Recife, Paraíba, Maceió e Natal, visitar Pedro (cf. Gal 1, 18). Acolho e saúdo com afeto cada um de vós, a começar por Dom Antônio, Arcebispo de Maceió, a quem agradeço os sentimentos que manifestou em nome de todos fazendo-se intérprete também das alegrias, dificuldades e esperanças do povo de Deus peregrino no Regional Nordeste 2 [dois]. Na pessoa de cada um de vós, abraço os presbíteros e os fiéis das vossas comunidades diocesanas.
Nos seus fiéis e nos seus ministros, a Igreja é sobre a Terra a comunidade sacerdotal organicamente estruturada como Corpo de Cristo, para desempenhar eficazmente, unida à sua Cabeça, a sua missão histórica de salvação. Assim no-lo ensina São Paulo: «Vós sois Corpo de Cristo e seus membros, cada um na parte que lhe toca» (1 Cor 12, 27). Com efeito, os membros não têm todos a mesma função: é isto que constitui a beleza e a vida do corpo (cf. 1 Cor 12, 14-17). É na diversidade essencial entre sacerdócio ministerial e sacerdócio comum que se entende a identidade específica dos fiéis ordenados e leigos. Por essa razão é necessário evitar a secularização dos sacerdotes e a clericalização dos leigos. Nessa perspectiva, portanto, os fiéis leigos devem empenhar-se em exprimir na realidade, inclusive através do empenho político, a visão antropológica cristã e a doutrina social da Igreja. Diversamente, os sacerdotes devem permanecer afastados de um engajamento pessoal na política, a fim de favorecerem a unidade e a comunhão de todos os fiéis e assim poderem ser uma referência para todos. É importante fazer crescer esta consciência nos sacerdotes, religiosos e fiéis leigos, encorajando e vigiando para que cada um possa sentir-se motivado a agir segundo o seu próprio estado.
O aprofundamento harmônico, correto e claro da relação entre sacerdócio comum e ministerial constitui atualmente um dos pontos mais delicados do ser e da vida da Igreja. É que o número exíguo de presbíteros poderia levar as comunidades a resignarem-se a esta carência, talvez consolando-se com o fato de a mesma evidenciar melhor o papel dos fiéis leigos. Mas, não é a falta de presbíteros que justifica uma participação mais ativa e numerosa dos leigos. Na realidade, quanto mais os fiéis se tornam conscientes das suas responsabilidades na Igreja, tanto mais sobressaem a identidade específica e o papel insubstituível do sacerdote como pastor do conjunto da comunidade, como testemunha da autenticidade da fé e dispensador, em nome de Cristo-Cabeça, dos mistérios da salvação.

Sabemos que «a missão de salvação, confiada pelo Pai a seu Filho encarnado, é confiada aos Apóstolos e, por eles, aos seus sucessores; eles recebem o Espírito de Jesus para agirem em seu nome e na sua pessoa. Assim, o ministro ordenado é o laço sacramental que une a ação litúrgica àquilo que disseram e fizeram os Apóstolos e, por eles, ao que disse e fez o próprio Cristo, fonte e fundamento dos sacramentos» (Catecismo da Igreja Católica, n. 1120). Por isso, a função do presbítero é essencial e insubstituível para o anúncio da Palavra e a celebração dos Sacramentos, sobretudo da Eucaristia, memorial do Sacrifício supremo de Cristo, que dá o seu Corpo e o seu Sangue. Por isso urge pedir ao Senhor que envie operários à sua Messe; além disso, é preciso que os sacerdotes manifestem a alegria da fidelidade à própria identidade com o entusiasmo da missão.

Amados Irmãos, tenho a certeza de que, na vossa solicitude pastoral e na vossa prudência, procurais com particular atenção assegurar às comunidades das vossas dioceses a presença de um ministro ordenado. Na situação atual em que muitos de vós sois obrigados a organizar a vida eclesial com poucos presbíteros, é importante evitar que uma tal situação seja considerada normal ou típica do futuro. Como lembrei ao primeiro grupo de Bispos brasileiros na semana passada, deveis concentrar esforços para despertar novas vocações sacerdotais e encontrar os pastores indispensáveis às vossas dioceses, ajudando-vos mutuamente para que todos disponham de presbíteros melhor formados e mais numerosos para sustentar a vida de fé e a missão apostólica dos fiéis.

Por outro lado, também aqueles que receberam as Ordens sacras são chamados a viver com coerência e em plenitude a graça e os compromissos do batismo, isto é, a oferecerem-se a si mesmos e toda sua vida em união com a oblação de Cristo. A celebração quotidiana do Sacrifício do Altar e a oração diária da Liturgia das Horas devem ser sempre acompanhadas pelo testemunho de toda existência que se faz dom a Deus e aos outros e torna-se assim orientação para os fiéis.

Ao longo dos meses que estão decorrendo, a Igreja tem diante dos olhos o exemplo do Santo Cura d’Ars, que convidava os fiéis a unirem suas vidas ao Sacrifício de Cristo e oferecia-se a si mesmo, exclamando: «Como faz bem um padre oferecer-se em sacrifício a Deus todas as manhãs!» (Le Curé d’Ars. Sa pensée – son cœur, coord. Bernard Nodet, 1966, pág. 104). Ele continua sendo um modelo atual para os vossos presbíteros, expressamente na vivência do celibato como exigência do dom total de si mesmos, expressão daquela caridade pastoral que o Concílio Vaticano II [segundo] apresenta como centro unificador do ser e do agir sacerdotal. Quase contemporaneamente vivia no vosso amado Brasil, em São Paulo, Frei Antônio de Sant’Anna Galvão, que tive a alegria de canonizar a 11 [onze] de maio de 2007 [dois mil e sete]: também ele deixou um «testemunho de fervoroso adorador da Eucaristia (…), [vivendo] em laus perene, em atitude constante de oração» (Homilia na sua canonização, n. 2). Deste modo ambos procuraram imitar Jesus Cristo, fazendo-se cada um deles não só sacerdote, mas também vítima e oblação como Jesus.

Amados Irmãos no Episcopado, já se manifestam numerosos sinais de esperança para o futuro das vossas Igrejas particulares, um futuro que Deus está preparando através do zelo e da fidelidade com que exerceis o vosso ministério episcopal. Quero certificar-vos do meu apoio fraterno ao mesmo tempo que peço as vossas orações para que me seja concedido confirmar a todos na fé apostólica (cf. Lc 22, 32). A bem-aventurada Virgem Maria interceda por todo o povo de Deus no Brasil, para que pastores e fiéis possam, com coragem e alegria, «anunciar abertamente o mistério do Evangelho» (cf. Ef 6, 19). Com esta oração, concedo a minha Bênção Apostólica a vós, aos presbíteros e a todos os fiéis das vossas dioceses: «A paz esteja com todos vós que estais em Cristo» (1 Ped 5, 14)."
Bento XVI

http://212.77.1.245/news_services/bulletin/news/24336.php?index=24336&po_date=17.09.2009&lang=po

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

"Tu es Petrus et super hanc petram ædificabo ecclesiam meam et portæ inferi non prævalebunt adversus eam."



Publico abaixo o discurso na integra de S. S. Papa Bento XVI aos Bispos das regionais Oeste 1 e 2 da CNBB.

O discurso fala contra a secularização que vem ocorrendo na Igreja após o Concílio Vaticano II. O texto é bem claro e objetivo. Portanto, esperamos que os Bispos da CNBB acatem e coloquem em prática o convite feito pelo Santo Padre para que pratiquem o sacerdócio conforme o modelo Santo Cura d’Ars. Não precisa nem dizer por que o Santo Padre usou o exemplo de Santo Cura d’Ars.

“Queridos Irmãos no Episcopado,

Com sentimentos de íntima alegria e amizade, acolho e saúdo a todos e cada um de vós, amados Pastores dos Regionais Oeste 1 e 2 no âmbito da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Com o vosso grupo, abre-se a longa peregrinação dos membros desta Conferência Episcopal em visita ad limina Apostolorum, que me dará ocasião de conhecer melhor a realidade das respectivas comunidades diocesanas. Serão jornadas de partilha fraterna para refletirmos juntos sobre as questões que vos preocupam. Um momento profundamente esperado desde aqueles inesquecíveis dias de maio de dois mil e sete, em que durante a minha visita ao vosso país pude experimentar todo o carinho do povo brasileiro pelo Sucessor de Pedro e, de modo especial, quando tive a possibilidade de abraçar com o olhar todo episcopado desta grande nação no encontro na catedral da Sé, em São Paulo.
Com efeito, só o coração grande de Deus pode conhecer, guardar e reger a multidão de filhos e filhas que Ele mesmo gerou na vastidão imensa do Brasil. Ao longo dos nossos colóquios destes dias, emergiam alguns desafios e problemas que enfrentais, como o Arcebispo de Campo Grande referia ao início deste nosso encontro. Impressionam as distâncias que vós mesmos, juntamente com vossos sacerdotes e demais agentes missionários, tendes de percorrer para servir e animar pastoralmente os respectivos fiéis, muitos deles a braços com problemas próprios duma urbanização relativamente recente onde o Estado nem sempre consegue ser um instrumento de promoção da justiça e do bem comum. Não vos desanimeis! Lembrai-vos que o anúncio do Evangelho e a adesão aos valores cristãos, como afirmei recentemente na Encíclica Caritas in Veritate «é um elemento útil e mesmo indispensável para a construção duma boa sociedade e dum verdadeiro desenvolvimento humano integral» (n. 4). Obrigado, Senhor Dom Vitório, pelas amáveis palavras e devotados sentimentos que me dirigiu em nome de todos e que me apraz retribuir com votos de paz e prosperidade para o povo brasileiro neste significativo dia da sua Festa Nacional.

Como Sucessor de Pedro e Pastor universal, posso assegurar-vos que o meu coração vive dia a dia as vossas inquietudes e canseiras apostólicas, não cessando de lembrar junto de Deus os desafios que enfrentais no crescimento das vossas comunidades diocesanas. Em nossos dias, e concretamente no Brasil, os trabalhadores na Messe do Senhor continuam a ser poucos para a colheita que é grande (cf. Mt 9, 36-37). Não obstante a carência sentida, é verdadeiramente essencial uma adequada formação daqueles que são chamados a servir o Povo de Deus. Por essa razão, no âmbito do Ano Sacerdotal em curso, permiti que me detenha hoje a refletir convosco, amados Bispos do Oeste brasileiro, sobre a solicitude qualificativa do vosso ministério episcopal que é a geração de novos pastores.

Embora seja Deus o único capaz de semear no coração humano a chamada para o serviço pastoral do seu povo, todos os membros da Igreja deveriam interrogar-se sobre a urgência íntima e o real empenho com que sentem e vivem esta causa. Um dia, quando alguns dos discípulos temporizavam observando que faltavam «ainda quatro meses» para a colheita, Jesus rebateu: «Pois eu vos digo: Levantai os olhos e vede os campos, como estão dourados, prontos para a colheita» (Jo 4, 35). Deus não vê como o homem! A pressa do bom Deus é ditada pelo seu desejo de que «todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tm 2,4). Há tantos que parecem querer consumir a vida toda em um minuto, outros que vagueiam no tédio e na inércia, ou abandonam-se a violências de todo gênero. No fundo, não passam de vidas desesperadas à procura da esperança, como o demonstra uma difusa embora às vezes confusa exigência de espiritualidade, uma renovada busca de pontos de referência para retomar a estrada da vida.

Prezados Irmãos, nos decênios sucessivos ao Concílio Vaticano II, alguns interpretaram a abertura ao mundo, não como uma exigência do ardor missionário do Coração de Cristo, mas como uma passagem à secularização, vislumbrando nesta alguns valores de grande densidade cristã como igualdade, liberdade, solidariedade, mostrando-se disponíveis a fazer concessões e descobrir campos de cooperação. Assistiu-se assim a intervenções de alguns responsáveis eclesiais em debates éticos, correspondendo às expectativas da opinião pública, mas deixou-se de falar de certas verdades fundamentais da fé, como do pecado, da graça, da vida teologal e dos novíssimos. Insensivelmente caiu-se na auto-secularização de muitas comunidades eclesiais; estas, esperando agradar aos que não vinham, viram partir, defraudados e desiludidos, muitos daqueles que tinham: os nossos contemporâneos, quando vêm ter conosco, querem ver aquilo que não vêem em parte alguma, ou seja, a alegria e a esperança que brotam do fato de estarmos com o Senhor ressuscitado.

Atualmente há uma nova geração já nascida neste ambiente eclesial secularizado que, em vez de registrar abertura e consensos, vê na sociedade o fosso das diferenças e contraposições ao Magistério da Igreja, sobretudo em campo ético, alargar-se cada vez mais. Neste deserto de Deus, a nova geração sente uma grande sede de transcendência.

São os jovens desta nova geração que batem hoje à porta do Seminário e que necessitam encontrar formadores que sejam verdadeiros homens de Deus, sacerdotes totalmente dedicados à formação, que testemunhem o dom de si à Igreja, através do celibato e da vida austera, segundo o modelo do Cristo Bom Pastor. Assim esses jovens aprenderão a ser sensíveis ao encontro com o Senhor, na participação diária da Eucaristia, amando o silêncio e a oração, procurando, em primeiro lugar, a glória de Deus e a salvação das almas. Amados Irmãos, como sabeis, é tarefa do Bispo estabelecer os critérios essenciais para a formação dos seminaristas e dos presbíteros na fidelidade às normas universais da Igreja: neste espírito devem ser desenvolvidas as reflexões sobre este tema, objeto da assembléia plenária da vossa Conferência Episcopal, em abril passado.

Certo de poder contar com o vosso zelo no tocante à formação sacerdotal, convido todos Bispos, seus sacerdotes e seminaristas a reproduzirem na vida a caridade de Cristo Sacerdote e Bom Pastor, como fez o Santo Cura d’Ars. E, como ele, tomem por modelo e proteção da própria vocação a Virgem Mãe, que correspondeu de um modo único ao chamado de Deus, concebendo no seu coração e na sua carne o Verbo feito homem para doá-lo à humanidade. Às vossas dioceses, com uma cordial saudação e a certeza da minha oração, levai uma paterna Bênção Apostólica.”


Fonte: http://212.77.1.245/news_services/bulletin/news/24292.php?index=24292&lang=po

domingo, 13 de setembro de 2009

Sobre a resposta do Padre Fábio de Melo ao Gustavo do blog “Erguei-vos Senhor”.


Recentemente na entrevista ao Jô Soares, o Padre Fábio de Melo causou comoção por defender e propagar ensinamentos heterodoxos e contrários a doutrina da Igreja Católica.

Diversos sites e blogs Católicos se alvoroçaram espantados com a atitude do sacerdote em cadeia nacional. Até mesmo sites mais modernistas se espantaram com as respostas do Padre.

O Gustavo Souza do blog “Erguei-vos Senhor” escreveu uma carta endereçada ao Padre, bastante amena, mas cobrando respostas aos comentários dados no programa do Jô.
Agora após 40 dias (penitência?) a resposta veio, mas como era de se esperar trouxe mais problemas do que solução. Seguidores do padre gritando vitória pela resposta agridem tanto o Gustavo que infelizmente perdeu as redeas do próprio blog, quanto qualquer outro que visite o blog e não seja partidário da opinião pessoal do Padre sobre teologia.
Já que o Gustavo não pretende fazer uma tréplica, resolvi comentar as respostas do Padre, para que não fique parecendo que a doutrina de Fábio de Melo é a mesma da Igreja e também para que seus seguidores não fiquem cantando vitória de forma ridícula e irresponsável.
As respostas do padre aparentam uma supervalorização de escritores de literatura ou de livros com temas diversos em detrimento de documentos da Igreja. Faz uma defesa perigosa do evolucionismo tentando compatibilizá-lo com o criacionismo. Percebe-se nas respostas uma simpatia estreita do padre pela Teologia da Libertação e suas visões antropocêntricas, simpatia por Frei Betto (Aquele mesmo que insulta o Santo Padre em cada texto que escreve) e também uma visão emocional da religião beirando o movimento Hippie.
Carta do padre em resposta ao Gustavo. As questões do Gustavo em negrito, as do Padre em itálico e as minhas em azul.
“Caríssimos todos, eis a esperada resposta do Pe. Fábio. Ele é um homem de palavra: prometeu que responderia, e cumpriu. Eu, por minha parte, também lhe prometi que não havia tréplica. E não haverá.
Querido Gustavo, Respondo, finalmente, as questões que me foram apresentadas por você. Se puder, publique a resposta em seu blog. Resolvi recortar as questões e respondê-las uma a uma.” “Uma das suas primeiras assertivas, que a mim causou muito espanto e preocupação, foi a de que “precisamos nos despir dessa arrogância de que nós somos proprietários da verdade suprema”. De fato, “donos” da verdade nós não somos. Mas nós a conhecemos! A Verdade é Cristo, e não há outra”. “ Gustavo, a Teologia nos ensina que a Plentiude da Revelação é Cristo, mas esta plenitude não significa esgotamento da verdade. Os desdobramentos desta verdade estão em todos os lugares do mundo. Deus continua se revelando. Plenitude não significa filnalização. O que sabemos do Cristo é processual. É assim que o Espírito Santo trabalha na vida da Igreja. A Teologia está a caminho. A grandeza da Revelação não cabe nos documentos que temos, nem tampouco na Teologia que já sistematizamos. O dogma evolui, pois é verdade santa. Tudo o que é santo, movimenta, porque é vivo. O que alimentou o passado precisa continuar alimentando o presente, e o futuro. Não significa modificar a verdade, mas sim, à luz do Espírito e da autoridade da Igreja, buscar a interpretação que favoreça o conhecimento da verdade que o dogma resguarda. Este exercício eclesial manifesta ao mundo o zelo pela verdade que nos foi confiado cuidar e administrar. Deus continua se revelando ao mundo. O limite da Revelação é a inteligência humana. Nós o vitimamos constantemente com nossas reflexões, mas mesmo assim, Ele não deixa de se manifestar. Onde houver uma brecha, lá Deus acontecerá. Não podemos nos esquecer que a salvação é oferecida a todos. É interesse amoroso de Deus que a humanidade o conheça. Nós, enquanto proprietários desta verdade que é Jesus, cuidamos do que recebemos. O cuidado da verdade recebida está sustentado sobre dois pilares. Anúncio e Reconhecimento. Nós anunciamos o Cristo. Nisso consiste a ação evangelizadora da Igreja. Mas nós também reconhecemos a sua presença, indícios do sagrado, em outras religiões. Como reconhecemos? Através dos frutos que produzem. O amor que temos ao Cristo deve ser suficiente para que saibamos respeitar tudo o que é cristão, mesmo que as pessoas não se reconheçam cristãs. É dialética, meu caro. É a tensão escatológica que também esbarra na hermenêutica cristã. Já, mas ainda não. É neste ainda não que nos abrimos com humildade para compreender que outras religiões também vivem e perseguem os rastros do sagrado, e que mesmo oculto, lá o Cristo já está sendo vivido. É uma questão de tempo. Recordo-me de uma frase muito sábia, que um grande professor jesuíta costumava repetir em nossas aulas de mestrado. Ele dizia: “todo mundo tem o direito de viver o seu antigo testamento.” A administração desta verdade só pode ser responsável, à medida que reconhecemos que ela já ultrapassou os limites dos muros, que estão sob nossa custódia.”
Realmente não detemos, nós simples leigos, a verdade suprema. Cristo é detentor da verdade, mas “onde está Cristo aí também está a Igreja”, portanto, nós estamos próximos dela, estamos na Igreja de Cristo a Santa Igreja Católica, não detemos a verdade, mas estamos mais próximos dela. O padre dá a entender que a revelação se movimenta como se os dogmas pudessem ser modificados “aggiornados”. A revelação continua acontecendo na Igreja chamadas às vezes de revelações particulares como a de Fátima, mas o Espírito Santo não altera o que Cristo já nos revelou, não moderniza para caber nos dias atuais ou futuros. Se o Espírito Santo revela coisas conflitantes com o que já nos foi revelado, será mesmo que o autor dessas revelações é o Espírito Santo? "Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito, mas examinai se os espíritos são de Deus, porque muitos falsos profetas se levantaram no mundo". (1Jo 4,1)
Em certo momento, o padre nos fala que há indícios de Cristo em outras religiões simplesmente por essas buscarem o sagrado! Diz que podemos reconhecer pelos seus frutos! Lembrei na hora da passagem "Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos?" (Mt 7,16).
O Padre confia à sua mente, aquela mesma que ele diz ser limitada, a capacidade de reconhecermos a presença de Cristo em outras religiões. Não é perigoso isso? Se nós temos o Magistério da Igreja, para que confiar em nossa limitada mente a busca de Cristo em outras religiões? Por que não trazer essas pessoas de onde existe apenas uma meia verdade para a Religião onde a verdade é plena, onde nos foi revelada?
O documento Mortalium Animos nos alerta para essa busca infrutífera das meias verdades na terra:
“12. A Igreja Católica: depositária infalível da verdade Quando o Filho unigênito de Deus ordenou a seus enviados que ensinassem a todos os povos, vinculou então todos os homens pelo dever de crer nas coisas que lhes fossem anunciadas pela "testemunha pré-ordenadas por Deus" (At. 10,41). Entretanto, um e outro preceito de Cristo, o de ensinar e o de crer na consecução da salvação eterna, que não podem deixar de ser cumpridos, não poderiam ser entendidos a não ser que a Igreja proponha de modo íntegro e claro a doutrina evangélica e que, ao propô-la, seja imune a qualquer perigo de errar. Afastam-se igualmente do caminho os que julgam que o depósito da verdade existe realmente na terra, mas que é necessário um trabalho difícil, com tão longos estudos e disputas para encontrá-lo e possuí-lo que a vida dos homens seja apenas suficiente para isso, com se Deus benigníssimo tivesse falado pelos profetas e pelo seu Unigênito para que apenas uns poucos, e estes mesmos já avançados em idade, aprendessem perfeitamente as coisas que por eles revelou, e não para que preceituasse uma doutrina de fé e de costumes pela qual, em todo o decurso de sua vida mortal, o homem fosse regido.” Ele faz uma afirmação da qual os documentos da Igreja condenam veementemente “A administração desta verdade só pode ser responsável, à medida que reconhecemos que ela já ultrapassou os limites dos muros, que estão sob nossa custódia.” Isso renega totalmente o documento acima citado, quem quiser pode buscá-lo no site do Vaticano.
Que absurdo! A verdade plena da Igreja pulou o muro? Fugiu?
“E como explicar que, ao falar da condição adâmica do homem, o senhor tenha adotado a interpretação modernista segundo a qual a historicidade das escrituras fica reduzida ao nível das histórias da carochinha?! Dizer que Adão é uma imagem simbólica, metafórica, “fabulesca”, não faz parte da Doutrina Católica! O fato de a linguagem empregada no livro de Gênesis ser recheada de simbolismo não elimina o fato de que os acontecimentos nele narrados tenham se dado no tempo e no espaço tal como foram escritos.
A interpretação literal complementa e enriquece a hermenêutica que se pode fazer a partir dos símbolos. Não é assim que ensina a Igreja?”
Não, não é isso que ensina a Igreja. Se você freqüentasse os meios teológicos saberia muito bem que a linguagem metafórica nem sempre está a serviço de um fato concreto, pontuado no tempo e no espaço. Por isso é metáfora. A linguagem metafórica não é mentirosa. Sou professor universitário e ensinei Antropologia Teológica. É uma clareza que não posso perder de vista. Ao falar da condição adâmica nós precisamos pensar na humanidade como um todo. Não temos a certidão de nascimento de Adão. O que temos é a fé de que Deus criou a humanidade. Não posso pontuar a existência do primeiro homem. A sagrada escritura só que nos ensinar que somos filhos Dele. Gustavo, toda a Antropologia teológica é construída na perspectiva da Cristologia. A narração das origens está diretamente ligada ao evento crístico. A Teologia da Criação não é uma ciência exata. O que precisa ser assegurado é o fato de que Deus é o criador do Universo. A maneira como tudo isso se deu é metáfora. Isso não significa meia verdade, nem tampouco conto da carochinha. O que não pode ser relativizado é a entrada de Jesus na história. Há um destino Crístico que nos foi oferecido (Soteriologia). Jesus é histórico. Está situado no tempo e no espaço. Isso sim é fundamental para a fé. Quando a Sagrada Escritura narra o nascimento do primeiro homem, o grande objetivo não é pontuar o início da vida humana, mesmo porque o escritor sagrado não escrevia com essa finalidade. Volto a dizer. A exegese nos ensina que o escrito tem como principal objetivo salvaguardar que o princípio de todas as realidades criadas está em Deus (Criacionismo). É por isso que a fé não se opõe à ciência no que diz respeito à evolução (Evolucionismo). É simples. O primeiro homem criado não pode ter tido a experiência que a sagrada escritura relata. Ou você pode desconsiderar tod os os conhecimentos a respeito da origem do ser humano? Gustavo, a fé não é um conjunto de certezas, meu caro. Não temos provas concretas para muitos aspectos da fé que professamos. Se as tivéssemos não precisaríamos ter fé. Acreditamos no que não vemos. Nem por isso é “conto da carochinha”, como você sugere. Não sei se você a conhece, mas se não conhecer, sugiro que tenha contato com a obra do americano Joseph Campbell, que de maneira brilhante e pertinente, fez uma análise da linguagem mitológica nas culturas. Na primeira parte da obra “O poder do mito”, ele fala justamente deste grande equívoco que costuma ser muito comum entre as pessoas que não transcendem a linguagem. Campbell é uma das maiores autoridades no campo da mitologia, pois faz uma abordagem semiótica destas narrações. O mito não é uma mentira, mas também não precisa ser verdade, diz ele. O importante é a fé que ele sugere. O importante é reconhecer que ele está a serviço de uma verdade superior, porque não cabe no tempo. Foi mais ou menos isso que desejou Guimarães Rosa, ao escrever o conto “ A terceira margem do rio”. Onde fica a terceira margem? O mesmo não se dá com as nossas convicções religiosas? O discurso religioso é o discurso da terceira margem. Guimarães Rosa compreendeu bem esta linguagem. E nós precisamos compreendê-la também.
Infelizmente a verdade do Catecismo está sendo substituída pela teologia ensinada nos seminários modernistas. As atitudes do padre beiram as protestantes quando diz que Adão não tem certidão. É como pedir que se prove biblicamente a existência de Adão com certidão de nascimento. Cuidado padre, os protestantes estão sempre a procura de certidões na Bíblia, isto é fundamentalismo Bíblico. Não podemos tentar encaixar o evolucionismo ateu e cheio de falhas ao criacionismo certo e ensinado pela Igreja. O ensinamento da Igreja não é exato? A fé e a ciência sempre estiveram juntas, aliás, a ciência ocidental tal qual conhecemos foi criada e incentivada pela Igreja, mas isso não nos obriga a aceitar o evolucionismo ateu de Darwin. Da mesma maneira que não há certidão material de Adão, não há qualquer prova de elos entre nós e os macacos pré-históricos oferecidos como “nossos ancestrais”, mas a Igreja edificada sobre Pedro nos diz que existiu um Adão e uma Eva. Prefiro crer na Igreja milenar a crer na ciência sem Deus e sem provas.
“Depois o senhor falou que durante muito tempo “nós (subentenda-se: Igreja) fomos omissos”. Parece-me que essa omissão se referia às questões ecológicas. Pelo amor de Deus, padre! A missão da Igreja é salvar a Amazônia ou salvar as almas? Que conversa é essa de “cristificação do universo ”? Por que dar atenção a isso quando tantas almas se perdem na imoralidade, na heresia, na inércia espiritual?”
Gustavo, sua visão soteriológica é muito estreita. Salvar almas, somente? Essa visão compartimentada do ser humano é herética. Precisamos salvar a totalidade do humano, meu caro. Esqueceu o postulado fundamental da Antropologia cristã? Somos corpo e alma. Unidade. É só ler Tomás de Aquino, Santo Agostinho. Fazer uma pregação desencarnada? A alma que quero salvar tem corpo, sente frio, tem fome, medo. A alma que quero salvar está num corpo que morre antes da hora, porque sofre as conseqüências de um meio ambiente marcado pelo pecado da omissão. Se você fala da inércia espiritual, a Igreja fala da inércia espiritual e corporal. Cuidar do mundo é dar continuidade ao milagre da criação. Somos “co-criadores”. Deus continua criando, e nós correspondemos com a experiência do cuidado. Criar é atributo divino, mas cuidar é atributo humano. A horizontalidade da fé é real, concreta. Isso é Teologia da Criação. Está nos livros fundamentais, no catecismo da Igreja e também nos ensaios teológicos mais arrojados. Quanto à essa conversa de “Cristificação do universo”, que você pareceu banalizar, fazer menor, é apenas uma interpretação belíssima da presença de Cristo no mundo, tomando posse de todos os lugares, mediante o movimento sacramental que Igreja celebra e propaga. Todos os sacramentos que a Igreja celebra nos cristificam. O nosso comprometimento com o Cristo, mediante o processo de conversão, nos cristifica. O gesto de caridade nos cristifica. A oração nos cristifica. Ser cristão é ao Cristo estar configurado. É boba essa conversa?
“Salvar almas apenas” é heresia? Agora se tornou herético querer apenas salvar almas? Onde a Igreja diz isso? É óbvio que a caridade e o socorro aos pobres e doentes é nossa obrigação, que não fazer isso é omissão. Mas há grande diferença entre pecado e heresia, assim como entre socorrer na caridade e socorrer no materialismo. O socorro materialista do MST, por exemplo, onde se rouba de um para dar ao outro é muito diferente do socorro do CARITAS internacional ou das obras assistenciais dos Irmãos e Irmãs de Caridade. São Tomás de Aquino e Santo Agostinho jamais substituíram, ou melhor, colocaram a proteção material acima da proteção da alma. Devemos cuidar do corpo, mas não ao ponto de correr o risco de perder a alma. A mãe do padre afirmou ao Fantástico que ele é e sempre foi muito vaidoso. Se ele não sabe, a vaidade é um pecado capital segundo São Tomás de Aquino. Ele cobrou a leitura de São Tomás de Aquino do Gustavo, mas parece não conhecer os Pecados Capitais segundo São Tomás de Aquino.
“Em seguida, veio aquela colocação, esdrúxula e totalmente non sense, de que a Igreja – que se considerava barca de Pedro – após o Concílio Vaticano II passou a se enxergar como Povo de Deus. Devo informar-lhe que a Igreja permanece sendo barca de Pedro, e o povo de Deus é – por assim dizer – a tripulação desta barca. Onde é que houve mudança na compreensão da eclesiologia”?
A colocação esdrúxula não tem outro objetivo senão ensinar a busca que a Igreja tem feito de ser “Católica”. Você bem sabe que o significado de ser católica é ser “universal”. A expressão “barca de Pedro” não foi banida, Gustavo. Eu falei de superação conceitual. O problema não é a expressão, mas a interpretação que podemos fazer dela. É uma questão hermenêutica. A expressão “Povo de Deus” sugere a universalidade que a Igreja quer e precisa ter. O concílio Vaticano II compreendeu assim. É orientação da Igreja. Eu não inventei isso. Toda essa aversão que você tem ao Ecumenismo expõe uma fragilidade na sua reflexão. Não é bla, bla, bla, como você costu ma dizer. A Igreja trata com muito cuidado esta questão, pois sabe que as questões religiosas estão sendo causas de muito conflito no mundo. Banalizar a dimensão ecumênica da Igreja é, no mínimo, irresponsável. Há uma vasta literatura na área da Eclesiologia refletindo sobre esse tema. Sugiro que você a conheça. Só vai lhe enriquecer. Meu filho, o importante é a gente não esquecer, que mesmo estando na barca de Pedro, é sempre cordial e cristão, acenarmos com carinho e respeito aos que estão em barcas diferentes. As grandes guerras atuais são movidas por essa incapacidade de aceno.
O padre tentou desmerecer a capacidade ecumênica do Gustavo. Devemos lembrar que ecumenismo deveria ser a capacidade de evangelizar e converter os não Católicos e que qualquer atitude em contrário deve ser evitada pelos Católicos.
Novamente coloco trecho do Mortalium Animos de Pio XI.
“10. A Igreja Católica não pode participar de semelhantes reuniões Assim sendo, é manifestamente claro que a Santa Sé, não pode, de modo algum, participar de suas assembléias e que, aos católicos, de nenhum modo é lícito aprovar ou contribuir para estas iniciativas: se o fizerem concederão autoridade a uma falsa religião cristã, sobremaneira alheia à única Igreja de Cristo.”
O Assunto é realmente delicado, mas isso não deve ser motivo para esconder a verdadeira religião. Isso sim é banalizar a dimensão ecumênica da Igreja, e pior, banalizar/relativizar a verdade. A culpa das guerras não deve ser jogada na religião. Existem guerras por poder, por territórios, por riquezas, etc. O Papa Urbano II pode ser acusado de insuflar guerras quando proclama as cruzadas? De modo algum. Ele pretendia a defesa dos lugares Santos e das pessoas contra as invasões islâmicas e a pedido da Igreja Ortodoxa. O padre Fábio condena a atitude do Papa? Será que ele queria que o Papa Urbano II fosse até a região de conflito acenar para os mouros? Acenar para os não católicos, não significa ser omisso no ensinamento da verdade. Se meu filho não faz a tarefa e se recusa a me ouvir eu apenas vou acariciá-lo para evitar conflito doméstico?
“Entre as críticas feitas pelos blogueiros, salientava-se a sua posição – no mínimo, omissa – quando o apresentador Jô Soares comentou que achava um absurdo que a Igreja considerasse que o matrimônio servia apenas à procriação. Pergunto: por que o senhor não afirmou, como ensina a Igreja, que o matrimônio tem duas finalidades: a unitiva e a procriativa? Por que não disse que , sim, o amor dos esposos importa e ele é – ou, pelo menos, deve ser – expresso pela unidade (de pensamento e de vontade) que os cônjuges demonstram em todas e cada uma de suas ações? Era tão simples desfazer a argumentação errônea do entrevistador e, ao mesmo tempo, aproveitar para instruir as pessoas segundo a Sã Doutrina!”
Concordo com você. Eu errei ao não ter usado os termos técnicos. Quis levar a discussão através de outros recursos e acabei não sendo claro como deveria.
A atitude não se limita apenas a “termos técnicos”, mas sim que ele perdeu uma ótima oportunidade de evangelizar em favor da família... ”
Pior que não ter ensinado no momento oportuno, foi o senhor afirmar que “o nosso discurso já mudou”! Diga-me, Pe. Fábio, acaso a doutrina imutável da Igreja perdeu a sua imutabilidade? O senhor crê, convictamente, que a Igreja está, dia após dia, se amoldando à mentalidade atual? Não seria missão da Esposa de Cristo formar na sociedade uma mentalidade cristã, isto é, fomentar um novo modo de pensar e de viver que esteja impregnado do perfume de Cristo? Ou é o contrário: o mundo é que deve catequizar a Igreja?”
Não, não é a Igreja que precisa ser moldada aos formatos do mundo. Em nenhum momento alguém me viu pregar sobre isso. Quando eu disse que o discurso já mudou, eu me referia justamente à visão antiga que ele tinha do “sexo no casamento”. O apresentador desconhecia a reflexão a dimensão unitiva do sexo na vida do casal.
...
“Em outro momento da entrevista o senhor afirmou que não “conseguia” celebrar a missa todos os dias? Não lhe parece estranho, e prejudicial, que a sua “agenda” não permita que o senhor celebre todos os dias a Eucaristia? Qual deve ser o centro da vida do sacerdote: o altar ou o palco? E quanto ao breviário? A sua “agenda” permite que o senhor o reze diariamente (considerando que não fazê-lo é pecado grave para o sacerdote)?”
Gustavo, quanto ao zelo que tenho pela minha vida de padre, gostaria de lhe tranqüilizar. Não sou um aventureiro. Sou um homem responsável, e se tem uma coisa que não perco de vista é a maturidade humana. Se me conhecesse, talvez não incorreria no julgamento velado de suas palavras. Deus conhece a vida que tenho, e conhece também minha dedicação aos seus projetos. Se você gosta de quantificar o que faz, este não é o meu caso. Eu sou filho do Novo Testamento. Jesus é o Senhor da minha vida. Com Ele eu aprendi que a salvação não está na obrigação dos ritos, mas na qualidade do coração que temos. Busco cumprir todas as obrigações que a Igreja me pede, mas não coloco nisso a certeza da minha salvação. Não sou rubricista, nem pretendo me tornar. A Igreja nos recomenda muitas coisas. Lutamos para cumprir tudo. O que não conseguimos, deixamos nas mãos de Deus. Só Ele poderá nos julgar.
O Santo Padre dirigiu recentemente carta aos sacerdotes pedindo para que se dediquem mais ao sacerdócio não dividindo sua vida com mundanismo. Não há obrigação dos ritos? Quer dizer então que a disciplina também foi abolida da vida dos novos padres?
“Depois veio a pergunta: “o senhor teve experiências sexuais antes de ser padre?” Creio um homem que consagrou (frise-se o termo: consagrou) sua sexualidade a Deus não deveria expor sua intimidade diante do público. Mas, já que a pergunta indecorosa foi feita, a resposta que esperei foi algo no sentido de fazer o interlocutor entender que aquela questão era de ordem privada; que não convinha ser tratada em público. Em resumo: algo como “não é da sua conta!”. Porém, que fez o senhor? Respondeu que teve, sim, experiências sexuais precedentes, mas “às escondidas”! Caro Pe. Fábio, o senhor acha que convém dar uma resposta deste tipo? Isso não induziria as pessoas a pensar que não existem padres castos (considerando que muitos confundem castidade com virgindade)? Isso não estimularia as pessoas a crer na falácia segundo a qual todo jovem já teve, tem ou deve ter experiências sexuais que precedam a sua decisão vocacional?”
Gustavo, a vida é o testemunho que temos. Não tenho dificuldade alguma de responder às perguntas que me expõem como homem. Não fiquei padre por acaso. Tenho uma história e dela não fujo. São Paulo não fez o mesmo? Leia as cartas que ele escreveu. Ele sempre fez referência à vida vivida. Em nenhum momento se esquivou de contar sua história, mas fez dela um instrumental para orientar e sugerir vida nova em Cristo. Não gosto da expressão “não é da sua conta”. Se eu me disponho a ser entrevistado por alguém, tenho que saber que a minha vida será a pauta. Só não admitiria o desrespeito, mas isso não ocorreu. Não vou mentir para o povo. Nas minhas pregações eu falo o tempo todo da minha vida. Não quero bancar o santo. Eu quero é ser santo.
Condordo que a vida anterior ao sacerdócio ocorreu e que não pode ser mudada, mas não deveria haver uma instrução do padre para os jovens sobre castidade, namoro e casamento? Novamente o padre perdeu outra ótima oportunidade de defender a moral e a família.
“O senhor comentou, ainda, que “para a gente ser padre, a gente tem que ter amado na vida. É impossível (grifos meus) fazer uma opção pelo celibato, pela vida consagrada, se eu não tiver tido uma experiência de amar alguém de verdade”. O senhor acha, realmente, que o homem que nunca amou uma mulher não sabe amar? Baseado em que o senhor diz isso? Que dizer então do meu pároco que, tendo ido para o seminário aos 11 anos, nunca namorou? Ele é menos feliz por causa disso? Menos decidido pelo sacerdócio? Não creio que isso proceda.”
Digo baseado no fato de ser padre, conviver com padres, morar em seminários desde os 16 anos de idade, ser diretor espiritual de inúmeros seminaristas, padres e freiras. Digo isso porque vivo os bastidores da Igreja. Sou amigo pessoal de muitos bispos, religiosos, diretores de seminários. Tenho 38 anos e sou profundamente interessado pela vida sacerdotal. A minha experiência, e a de tantos que passaram pela minha vida, mostraram-me que o celibato é ESCOLHA. Para haver escolha é preciso que haja possibilidades. Quanto à felicidade de seu pároco, sobre ela não posso dizer, pois não o conheço. Minha fala é fruto do que a vida me mostrou, e só.
Celibato é escolha no seguinte caso. Você não consegue viver uma vida celibatária, então neste caso é melhor se casar. "Aos solteiros e às viúvas, digo que lhes é bom se permanecerem assim, como eu. Mas, se não podem guardar a continência, casem-se. É melhor casar do que abrasar-se". (1Cor 7,8-9) Sexo somente após o casamento, caso contrário deve ser celibatário (leigos solteiros, sacerdotes). É preciso cheirar cocaína para saber que vicia e é tóxica?
“O que se viu nessa malfadada entrevista à rede globo foi a apresentação de um comunicador, um cantor, um filósofo, um homem qualquer. Pudemos enxergar Fábio de Melo. E só. O padre passou desapercebidamente. De comunicadores, cantores e filósofos, já basta: nós os temos em número suficiente! Precisamos de padr es! Padres que são, sim, homens por natureza; mas que tiveram sua dignidade elevada pelo caráter impresso no sacramento da Ordem. Homens que não são “como quaisquer outros” porque receberam a graça e a missão de agir in persona Christi. Temos carência de ver padres que ajam, falem e – até mesmo – se vistam, em conformidade com a sua dignidade sacerdotal.”
Gustavo, se os seus olhos me enxergaram como um “homem qualquer”,perdoe-me. Talvez eu não tenha conseguido revelar a você a sacralidade que move os meus objetivos. Talvez você esteja elevado demais em sua vida espiritual, e necessite de padres mais espiritualizados, menos humanos. Tenho consciência que ninguém precisa ser unanimidade. O que sei é que na Igreja de Cristo há um lugar para um padre com o meu perfil. Eu vejo a obra que Deus tem realizado na minha vida e na vida de tantas pessoas que se identificam com meu trabalho. Meu filho, eu tenho encontrado pela vida as dores do mundo, e com elas tenho me ocupado. Demorei responder a sua carta justamente por isso. Tenho gastado o meu sangue nesta proeza de ser e agir “ in persona Christi”. Não tenho outro objetivo senão tentar atualizar a presença de Jesus na vida das pessoas. Eu o faço como posso. Evangelizo a partir da teologia que amo, mas também a partir da experiência que me guia. Conheci a Deus através do amor ágape. Fiquei fascinado quando me ensinaram que Deus é um pai amoroso que não despreza os filhos que tem, mesmo quando não correspondem ao que Ele espera. O banquete em sua casa está sempre posto, pronto para receber o filho que tem fome. Adentrei a morada de Deus assim, na condição de homem qualquer, mas o surpreendente é que Ele não me recebeu como homem qualquer. Recebeu-me com festa, com carinho, com misericórdia, pois é capaz de me enxergar para além de minha aparência. É isso que tenho feito, meu caro. Tenho me esmerado para convencer as pessoas de que o mesmo pode acontecer com elas. Quanto à minha dignidade sacerdotal, esta eu costumo preservar através das minhas atitudes. Minha roupa de padre não me garante muita coisa. O sacerdócio que o povo espera de mim não está no hábito que ostento, mas na sinceridade que preciso ter diante do meu compromisso assumido. Zelo para que Deus não seja transformado numa caricatura qualquer.
A partir desse trecho, o texto do padre se torna muito emocional e pouco racional. Há deboche do padre em relação à espiritualidade do Gustavo. Vou comentar dois pontos.
1º Deus acolhe a todos, desde que vivam conforme as instruções divinas. Aquele que despreza o ensinamento de Deus será castigado. Se não houvesse castigo, onde estaria a justiça divina?
2º O Hábito é o que diferencia um sacerdote de um leigo visualmente falando. Se o sacerdote se veste, fala, age como leigo, onde buscarei exemplos para minha vida? Esse modo de querer ser igual ao discípulo é anticristão, Freire com seu ensino modernoso destruiu a posição Professor/aluno nas escolas criando “iguais”. O mesmo ocorreu com os sacerdotes, o contrário deveria ser regra, o discípulo querer se igualar ao mestre.
“Creio que muitos destes desdobramentos que eu estou expondo não foram sequer imaginados pelo senhor no momento em que concedeu a entrevista, e enquanto respondia às perguntas. Contudo, o ônus de quem se expõe à opinião pública é, exatamente, suportar os possíveis mal-entendidos que se geram quando as palavras são compreendidas de modo diverso da intenção e da mentalidade de quem as proferiu. Espero que tudo que eu falei aqui tenha sido realmente um grande mal-entendido… Sempre cabe, contudo, esclarecer os desentendimentos mais graves que possam prejudicar não só a sua imagem, mas a da Igreja como um todo. Um ensino errado pode levar uma alma à perdição.”
Querido Gustavo, como professor de Hermenêutica eu não tenho dificuldade com os que pensam diferente de mim. Não é nenhum crime termos diferenças. O problema é quando nós fazemos da diferença um motivo de pré julgamento e acusação.
Um padre despreparado para uma entrevista em um programa banal, onde é sabido que o apresentador debocha e menospreza com arrogância seus entrevistados e comportamentos morais que não lhe agradam, com certeza será repudiado e criticado. Não responder alguém com a verdade por prudência mundana e “aceitar as diferenças” mesmo que não sejam compatíveis com a Igreja é omissão.
“Perdoe-me, sinceramente, a franqueza e, talvez, a dureza em alguns momentos. Mas eu precisava lhe expor as minhas dúvidas, impressões e inquietudes com relação a essa entrevista. Se o senhor se dignar me responder esta carta, ainda que de modo breve, sucinto, ficaria imensamente grato. Despeço-me rogando mais uma vez a sua bênção e garantindo-lhe as minhas orações em favor de seu sacerdócio e de sua alma.
Gustavo Souza, Indigno filho da Santa Igreja Católica”
Perdôo, é claro que perdôo, afinal, este o meu ofício. Como padre eu sou ministro da reconciliação. Confesso que a ira de seus seguidores, blogueiros que acompanham os seus escritos, me feriu muito mais que suas indignações. E é sobre isso gostaria de dizer, ao final desta resposta. Não sei quem é você. Vi a sua foto, aquela em que você diz estar embriagado de Coca Cola, e nada mais. O pouco que sei de você está revelado nos textos do seu blog. Tenho acompanhado seus constantes combates, esforços para diminuir as heresias e afrontas à Igreja. Admiro o seu zelo. Ele expressa o amor que você tem a Deus. Mas confesso que sinto falta de “misericórdia” em suas falas, meu caro. Gustavo, não faça do seu amor à Igreja um obstáculo ao seu amor pelos mais fracos, pelos diferentes. Defenda tudo o que quiser defender, mas não permita que o seu discurso seja causa de contenda e inimizades. Há sempre um jeito de discordar sem precisar ofender. A ofensa faz crescer o que é diabólico. Cuidado com as generalizações. Você tem combatido as CEBS. Cuidado. Há muita gente honesta nestes movimentos. Eu as conheço. Vi de perto o trabalho frutuoso, espiritual, humano, salvação total acontecendo em muitos lugares deste grande Brasil. Vi nomes sendo citados de forma banal, irresponsável. Irmã Doroty morreu defendendo o evangelho, meu filho. Gostando você, ou não, ela é foi uma mulher comprometida com as causas de Jesus. É muito triste ver o nome dela citado no seu espaço, como se fosse uma “mulher qualquer”. Chico Mendes foi um homem que defendeu questões nobres. Só por isso já merece o nosso respeito. Frei Beto é um homem fabuloso. Já fez muita gente se aproximar de Deus, por meio de sua inteligência e sabedoria aguçada. Não limite o seu blog a um lugar de combates. Que seja um lugar de discussões, mas que sejam feitas à luz do princípio fundamental que o evangelho nos sugere: o amor ágape. Gustavo, aproxime-se cada vez mais do Coração de Jesus. Ele é a interpretação da verdade que tanto buscamos compreender. Deus está inteiro em Jesus. O grande desafio da conversão é aproximar a nossa humanidade de sua divindade. Do Adão que há em nós ao Cristo que nos foi oferecido. Mesmo estando em estágios diferentes, uns mais à frente, outros mais atrasados, não importa. O importante é que saibamos ir juntos. Nossa salvação depende disso. Uma coisa é certa, meu caro. Todos nós estamos desejosos de acertar. Sigamos juntos nesta busca. Com meu carinho e benção,
Pe. Fabio de melo.
Essa última parte revelou escancaradamente a posição em acordo com a Teologia da Libertação do Padre Fábio de Melo. Irmã Doroty morreu infelizmente por questões políticas. Tomou partido numa briga e ao invés de agir como Nosso Senhor tentando apaziguar os dois lados levando o evangelho até eles, preferiu lutar nas regras do mundo se posicionando de um dos lados. A intenção dela era acabar com o sofrimento dos oprimidos, mas usou o discurso marxista para tentar isso ao invés do evangelho. A morte dela resolveu algo? Não.
Chico Mendes era leigo, estava fazendo o que tinha ao alcance de suas mãos, mas não tinha força política, e assim como a Irmã Doroty preferiu usar os meios marxistas.
Frei Betto Fabuloso? A arrogância com que esse frei sempre se dirigiu ao Papa João Paulo II e agora ao Papa Bento XVI diz o contrário. Em 1997 Frei Betto escreveu carta ofensiva e desrespeitosa ao Papa João Paulo II na qual defende o casamento gay, ordenação de mulheres, fim do celibato, despreza os títulos de tratamento ao Santo Padre, etc. Frei Betto também defende o regime ditador de Fidel Castro com “El Paredon” e tudo o mais, também não perde oportunidade de ofender o Papa Bento XVI. É esse o tipo de exemplo que o Padre Fábio segue?
Fonte: blog "Erguei-vos Senhor"

Dois Códigos Morais



Dois códigos morais

Eu assisti a entrevista do Cabo Anselmo na Band e assim como o Olavo escreveu em seu blog, também percebi a tendência escancarada dos entrevistadores em favor dos guerrilheiros comunistas do Brasil versus a polícia "má". Mas a mente do Olavo, muito melhor treinada em desmantelar manipulações ideológicas do que a minha, conseguiu captar os pormenores de toda a entrevista.
Vale a pena ler.

http://www.olavodecarvalho.org/semana/090908dc.html

Breve História das Heresias

"Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si". "Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas". (2Tm 4,3-4)


Lendo o livro “Breve História das Heresias” do Monsenhor Cristiani publicado em português em 1962, temos não um breve panorama das heresias como o livro modestamente faz supor, mas um apanhado geral do grave problema das heresias desde os tempos apostólicos escrito objetivamente.

Na leitura do livro, através de uma linha de raciocínio clara contada de maneira cativante pelo Monsenhor Cristiani, podemos entender a dinâmica e evolução das heresias no decorrer da era Cristã.

Mesmo o livro sendo da década de 1960, nos causa espanto a atualidade com os desdobramentos da mais nova heresia, ou seja, o modernismo.

Na classificação das seitas atuais, Monsenhor escreve “4º) Os pentecostistas, vindos de um ressurgimento da Califórnia nos inícios do século XX. Conta principalmente com quadros, sem igrejas propriamente ditas. Insistem no “batismo de Espírito” e no entusiasmo. Tiraram da Sagrada Escritura, cujas palavras consideram todas igualmente sagradas e consideradas no sentido literal, a prática da imposição das mãos para curar todas as doenças;” (Breve História das Heresias, Cap. VII O Anglicanismo – Um Pulular de Seitas, pág. 79).

Pentecostismo e Pentecostalismo vêm significar a mesma coisa e vejam que interessante! Essa prática que o Monsenhor Cristiani classifica como sectária, era praticada sem que ainda existissem igrejas propriamente formadas com esse objetivo, na verdade o Monsenhor Cristiani nem sonhava que tal prática fosse se alastrar tanto e tão gravemente a ponto de contaminar a própria Igreja Católica com o movimento pentecostal carismático.

Atentem para o detalhe! O movimento pentecostal de renovação carismática dita “Católica” ou RCC surgiu em 1966 em Duquesne através do “batismo de Espírito”, ou seja, quatro anos após a publicação do livro do Monsenhor Cristiani que condenava a prática do tal “batismo de Espírito” atualmente chamada de “batismo no Espírito”, condenava a imposição das mãos para cura de doenças como praticada pelos pentecostalistas e a leitura literal da Bíblia.

Os alertas sempre foram dados pela Igreja e suas vozes, mas a negligência de certos sacerdotes e setores da Igreja permitiu a infiltração da heresia no seio da Santa Igreja.

Há quem diga que o pentecostalismo dito católico foi permitido e até mesmo incentivado por alguns por “parecer menos grave” do que a teologia da libertação que na década de 1970 contaminava gravemente a Igreja no Brasil e em alguns outros países latino-americanos.

Diversos setores da Igreja já perceberam que uma heresia por outra não resolve os problemas, pois hoje temos além da TL (mesmo que debilitada) também a RCC. Mas como o estrago já está feito devemos manter nossa luta pela ortodoxia e rezar para que o Santo Padre resolva esse que é um dos mais graves problemas dos tempos modernos na Igreja.

Mais a frente no livro no capítulo IX “Heresias dos séculos XVII ao XX”, no tópico “modernismo” Monsenhor Cristiani escreve.

“Como crente, o modernista se apega ao Deus que a consciência lhe revela. Em nome da experiência íntima, ele o vê como real, ainda que indemonstrável. Substitui a secura de um racionalismo ateu pelas efusões de um misticismo terno, ainda que puramente subjetivo. Assim o haviam feito os pietistas, a essa conclusão havia chegado Schleiermacher, teólogo protestante (1768-1834) que restaurara a crença do século XVIII quase destruída pelo racionalismo dos filósofos.

Como teólogo, o modernista descreve o trabalho inconsciente realizado na alma do crente que procura pensar sua fé. É obrigado a recorrer às idéias de seu século. Inventa fórmulas que passarão de boca em boca, se tornarão tradicionais, se firmarão nas lutas contra os inevitáveis adversários. Foi assim que nasceram os dogmas. E com os dogmas, sustentando os dogmas, os ritos. Mas, refletindo, conclui o modernista, compreendemos que dogmas ou ritos - torna­dos sacramentos - nada mais foram do que veículos da crença. Seu único valor era o de símbolos da crença. Podem e devem desapa­recer, logo que o sentimento religioso, tornado adulto e consciente, não precise mais deles.

Como historiador, o modernista aparenta crer apenas nos tex­tos, nas fontes, nos testemunhos. Mas, não esquecendo que é filó­sofo e teólogo, tritura os textos até os reduzir às suas concepções filosóficas e teológicas. Declarará que os milagres são impensáveis, expurgará os textos de tudo o que possam ter de sobrenatural. Diz que fará uma história crítica e científica. Era assim que Alfredo Loisy tratava o Evangelho, foi assim também que Anatole France tratou Joana d' Arc, e foi assim que o romancista Zola tratou os fatos de Lourdes.” (Breve História das Heresias, Cap. IX Heresias dos séculos XVII ao XX - Modernismo, pág. 112).

Vejam como os alertas da Igreja quando não ouvidos ou negligenciados se materializam em um festival de heresias e distorções!

Os hereges ditos católicos nem mesmo se deram ao trabalho de esconder os termos heréticos herdados do pentecostalismo protestante e suas variantes: “Experiência íntima com Deus”, “efusão de misticismo”, “Subjetivismo das experiências”, “invenção de fórmulas de fé”, “transformação de comportamentos em Dogmas” e neste ponto vale lembrar que para um carismático, aquele que não recebe o “batismo no Espírito” é um cristão imperfeito, um cristão não iniciado! Vejam só! Sobrepujam os sacramentos válidos por um pseudo-sacramento inventado, e pior, dizem que o seu pseudo-sacramento é fundamental e indispensável para o verdadeiro cristão! Monsenhor Jonas Abib da Canção Nova disse que os Católicos somente receberam a “efusão do Espírito” em 1966 com o tal “batismo no Espírito”. Vejam quanta contrariedade anticatólica e heterodoxa!


Recomendo a leitura do livro do Monsenhor Cristiani, primeiramente para que o Católico conheça as heresias que desde o início da era Cristã assola o povo de Deus, e também para que se protejam de absorver heresias e venenos anticatólicos como se fossem comportamentos católicos.

Livro:
Título: Breve História das Heresias
Autor: Monsenhor Cristiani
Editora: Flamboyant
Ano: 1962