domingo, 13 de setembro de 2009

Breve História das Heresias

"Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si". "Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas". (2Tm 4,3-4)


Lendo o livro “Breve História das Heresias” do Monsenhor Cristiani publicado em português em 1962, temos não um breve panorama das heresias como o livro modestamente faz supor, mas um apanhado geral do grave problema das heresias desde os tempos apostólicos escrito objetivamente.

Na leitura do livro, através de uma linha de raciocínio clara contada de maneira cativante pelo Monsenhor Cristiani, podemos entender a dinâmica e evolução das heresias no decorrer da era Cristã.

Mesmo o livro sendo da década de 1960, nos causa espanto a atualidade com os desdobramentos da mais nova heresia, ou seja, o modernismo.

Na classificação das seitas atuais, Monsenhor escreve “4º) Os pentecostistas, vindos de um ressurgimento da Califórnia nos inícios do século XX. Conta principalmente com quadros, sem igrejas propriamente ditas. Insistem no “batismo de Espírito” e no entusiasmo. Tiraram da Sagrada Escritura, cujas palavras consideram todas igualmente sagradas e consideradas no sentido literal, a prática da imposição das mãos para curar todas as doenças;” (Breve História das Heresias, Cap. VII O Anglicanismo – Um Pulular de Seitas, pág. 79).

Pentecostismo e Pentecostalismo vêm significar a mesma coisa e vejam que interessante! Essa prática que o Monsenhor Cristiani classifica como sectária, era praticada sem que ainda existissem igrejas propriamente formadas com esse objetivo, na verdade o Monsenhor Cristiani nem sonhava que tal prática fosse se alastrar tanto e tão gravemente a ponto de contaminar a própria Igreja Católica com o movimento pentecostal carismático.

Atentem para o detalhe! O movimento pentecostal de renovação carismática dita “Católica” ou RCC surgiu em 1966 em Duquesne através do “batismo de Espírito”, ou seja, quatro anos após a publicação do livro do Monsenhor Cristiani que condenava a prática do tal “batismo de Espírito” atualmente chamada de “batismo no Espírito”, condenava a imposição das mãos para cura de doenças como praticada pelos pentecostalistas e a leitura literal da Bíblia.

Os alertas sempre foram dados pela Igreja e suas vozes, mas a negligência de certos sacerdotes e setores da Igreja permitiu a infiltração da heresia no seio da Santa Igreja.

Há quem diga que o pentecostalismo dito católico foi permitido e até mesmo incentivado por alguns por “parecer menos grave” do que a teologia da libertação que na década de 1970 contaminava gravemente a Igreja no Brasil e em alguns outros países latino-americanos.

Diversos setores da Igreja já perceberam que uma heresia por outra não resolve os problemas, pois hoje temos além da TL (mesmo que debilitada) também a RCC. Mas como o estrago já está feito devemos manter nossa luta pela ortodoxia e rezar para que o Santo Padre resolva esse que é um dos mais graves problemas dos tempos modernos na Igreja.

Mais a frente no livro no capítulo IX “Heresias dos séculos XVII ao XX”, no tópico “modernismo” Monsenhor Cristiani escreve.

“Como crente, o modernista se apega ao Deus que a consciência lhe revela. Em nome da experiência íntima, ele o vê como real, ainda que indemonstrável. Substitui a secura de um racionalismo ateu pelas efusões de um misticismo terno, ainda que puramente subjetivo. Assim o haviam feito os pietistas, a essa conclusão havia chegado Schleiermacher, teólogo protestante (1768-1834) que restaurara a crença do século XVIII quase destruída pelo racionalismo dos filósofos.

Como teólogo, o modernista descreve o trabalho inconsciente realizado na alma do crente que procura pensar sua fé. É obrigado a recorrer às idéias de seu século. Inventa fórmulas que passarão de boca em boca, se tornarão tradicionais, se firmarão nas lutas contra os inevitáveis adversários. Foi assim que nasceram os dogmas. E com os dogmas, sustentando os dogmas, os ritos. Mas, refletindo, conclui o modernista, compreendemos que dogmas ou ritos - torna­dos sacramentos - nada mais foram do que veículos da crença. Seu único valor era o de símbolos da crença. Podem e devem desapa­recer, logo que o sentimento religioso, tornado adulto e consciente, não precise mais deles.

Como historiador, o modernista aparenta crer apenas nos tex­tos, nas fontes, nos testemunhos. Mas, não esquecendo que é filó­sofo e teólogo, tritura os textos até os reduzir às suas concepções filosóficas e teológicas. Declarará que os milagres são impensáveis, expurgará os textos de tudo o que possam ter de sobrenatural. Diz que fará uma história crítica e científica. Era assim que Alfredo Loisy tratava o Evangelho, foi assim também que Anatole France tratou Joana d' Arc, e foi assim que o romancista Zola tratou os fatos de Lourdes.” (Breve História das Heresias, Cap. IX Heresias dos séculos XVII ao XX - Modernismo, pág. 112).

Vejam como os alertas da Igreja quando não ouvidos ou negligenciados se materializam em um festival de heresias e distorções!

Os hereges ditos católicos nem mesmo se deram ao trabalho de esconder os termos heréticos herdados do pentecostalismo protestante e suas variantes: “Experiência íntima com Deus”, “efusão de misticismo”, “Subjetivismo das experiências”, “invenção de fórmulas de fé”, “transformação de comportamentos em Dogmas” e neste ponto vale lembrar que para um carismático, aquele que não recebe o “batismo no Espírito” é um cristão imperfeito, um cristão não iniciado! Vejam só! Sobrepujam os sacramentos válidos por um pseudo-sacramento inventado, e pior, dizem que o seu pseudo-sacramento é fundamental e indispensável para o verdadeiro cristão! Monsenhor Jonas Abib da Canção Nova disse que os Católicos somente receberam a “efusão do Espírito” em 1966 com o tal “batismo no Espírito”. Vejam quanta contrariedade anticatólica e heterodoxa!


Recomendo a leitura do livro do Monsenhor Cristiani, primeiramente para que o Católico conheça as heresias que desde o início da era Cristã assola o povo de Deus, e também para que se protejam de absorver heresias e venenos anticatólicos como se fossem comportamentos católicos.

Livro:
Título: Breve História das Heresias
Autor: Monsenhor Cristiani
Editora: Flamboyant
Ano: 1962

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